Imagine a existência de um livro que por mais de 500 anos continue a ser um dos livros mais incompreensíveis de todos os tempos; um livro escrito em várias línguas como latim, grego, hebraico, árabe e hieróglifos egípcios; um romance de um homem a procura de sua amada, dentro de um sonho, e que ao mesmo tempo narra sobre música, arquitetura, literatura, aventuras, passagens eróticas e pesadelos. Um livro carregado de criptogramas.
Este livro existe! É o Hypnerotomachia Poliphili, considerado um dos mais belos incunábulos (livro impresso nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis, não escrito à mão) juntamente com a Bíblia de Gutemberg. Seu autor é desconhecido, mas através dos constantes criptogramas existentes no livro acredita-se que seu autor tenha sido um monge dominicano chamado Francesco Collona. Isto se deve ao fato de que se alinharmos as letras iniciais de cada capítulo, formam a frase Poliam frater Franciscvs Colomno peramavit, que traduzido do latim, significa o irmão Francisco Colono amava Polia intensamente.
Existem no mundo, não mais do que 200 exemplares deste livro e um deles pertence ao bibliófilo brasileiro José Mindlin, que o adquiriu nos anos 70, após perseguir a possibilidade de compra por 20 anos. Mindlin admite ter feito uma extravagância na aquisição do mesmo, embora não revele o valor pago.
Pois é com este livro como pano de fundo que se desenrola a história de “O Enigma do Quatro”. Um romance policial de grande suspense e com requintes de detalhes e erudição.
A história se passa em 1999, na Universidade de Princeton, onde quatro amigos, Charlie, Gil, Paul e Tom, estão no período de conclusão de suas teses para colação de grau. A história é contada na primeira pessoa por Tom Sullivan, filho de um estudioso que morreu tentando decifrar os enigmas do Hypnerotomachia.
Mesmo tendo sofrido a obsessão do pai, Tom se viu mais uma vez envolvido com o Hypnerotomachia quando um de seus melhores amigos, Paul Harris, tem neste livro sua tese de conclusão de grau e um diário antigo é encontrado.
Neste diário encontram a prova de que dentro do cifrado texto do livro encontra-se a localização de uma cripta escondida. Os dois amigos investigam então o estranho mundo do livro, e a medida que começam a perceber a grandiosidade do que estão por descobrir, o campus da Universidade torna-se um palco trágico. Inicia-se um ciclo de mortes e revelações onde Tom e Paul, juntamente com Gil e Charlie, participam de um drama dominado por um livro mal compreendido durante séculos.
É um livro bastante denso, envolvente, mesmo que a história tenha uma velocidade relativamente lenta, é de uma trama muito inteligente e rica em detalhes e informações históricas. |