Temos visto uma profusão de livros, nos últimos anos, sobre a era medieval e o Santo Graal. Será isso um modismo gerado por Dan Brown e seu Código da Vinci? Sem dúvida uma boa parcela se deve realmente a ele; outra parcela se deve ao fascínio que esse período e o Santo Graal nos trás. Até Indiana Jones se rendeu a este encanto, e antes de Dan Brown!
Na história da seita cristã cátara, considerada herética na Idade Média, o Graal encontra-se na forma de três livros, o conhecimento sagrado em mensagem escrita de enorme poder para quem os possuir.
O romance Labirinto, da escritora inglesa Kate Mosse, um fenômeno literário, com mais de 750 mil exemplares vendidos somente na Inglaterra, segue exatamente a trilha deste caminho, se utilizando da abordagem cátara do Santo Graal e, criando uma ponte de forte relacionamento entre esta época e os tempos atuais e reúne todas as qualidades de um ótimo livro de ação e mistério.
O romance intercala narrativas do período do século XIII, com os dias de hoje, na cidade francesa de Carcassone, com uma qualidade de informações históricas irrepreensíveis. Temos no livro duas personagens femininas como protagonistas, Alaïs no período medieval e Alice nos dias atuais, porém ambas com um único destino comum.
Ao contrário de Dan Brown, Mosse foi fundo em suas pesquisas sobre a cruzada religiosa contra a seita dos cátaros, que teve profunda importância na história da França. Por morar próximo a região por onde se desenrola toda a trama, o acesso a documentos históricos foi bastante facilitado, tornando a construção da história bastante realista e de grande detalhamento geográfico e humano.
Na parcela medieval da história, a adolescente Alaïs recebe do pai um misterioso livro, que ele diz conter o segredo do verdadeiro Graal. Embora Alaïs não consiga entender as estranhas palavras e símbolos escondidos naquelas páginas, sabe que seu destino é proteger o livro. Enormes sacrifícios e uma fé absoluta são requisitos para preservar o segredo de um enigma que remonta a milhares de anos e aos desertos do antigo Egito.
Nos dias de hoje durante uma escavação arqueológica nas montanhas ao redor de Carcassone, a jovem professora Alice Tanner descobre dois esqueletos. Dentro da tumba na qual repousavam os antigos ossos, experimenta uma sensação de maldade impressionante e percebe que, por mais impossível que pareça, de alguma forma, ela é capaz de entender as misteriosas palavras ancestrais gravadas nas pedras. Porém, é tarde demais – Alice acaba de desencadear uma aterrorizante seqüência de acontecimentos incontroláveis, e agora, seu destino está irremediavelmente ligado à sorte dos cátaros, oitocentos anos atrás.
Este livro mescla história e ficção; o mais fascinante, entretanto, é o mergulho no passado histórico. É uma história de luta e fé, determinação e coragem diante do avanço da mais fria violência e crueldade, em nome da religião. Ele é repleto de simbologias e leva o leitor a momentos de comunhão entre a humanidade e a natureza, entre o masculino e o feminino. Não há como não se lembrar da Era da Deusa amplamente apresentada em As Brumas de Avalon (de Marion Zimmer Bradley), um livro maravilhoso, que apresenta uma visão diferente da tão famosa historia de Rei Arthur.
É um livro imperdível, suas 580 páginas fluem com grande sabor pelos olhos de quem o lê. |